segunda-feira, 9 de março de 2009

E ESTA TAL DE BIPOLARIDADE?

 
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O século XXI está sendo tratado como o século do cérebro. Explico: há um grande desenvolvimento da neurociências, com respostas e tratamentos revolucionários para o tratamento de ansiedade, depressão, impulsos, Alzheimer e em quase todas as áreas. Há hoje, conhecimento suficiente para fundamentar tecnicas terapêuticas efetivas e melhoras significativas nos mais diversos quadros neuropsiquiátricos. O avanço no conhecimento dos neurotransmissores, serotonina, dopamina, nor-adrenalina e suas implicações na gênese dos transtornos têm ajudado muitos pacientes. Também por este avanço cientifico e certificado, algumas tecnicas de psicoterapia e as inumeráveis tecnicas de auto-ajuda tem sido muito questionadas e quase que invalidadas. Aliás, Freud que muitos ainda acham a unica coisa que funciona e explica, abandonou a hipnose por achar que esta tecnica sugestionava o paciente, o que hoje também é controverso. Mas a propria psicanálise tem sido pouco utilizada devido a sua baixa eficiencia, alto custo sendo interminável e sugestinável por sua insistência na neurose de transferência, onde tudo gira em torno do analista e as projeções do paciente sobre sua figura.

Atualmente utiliza-se a psicoterapia cognitivo comportamental aliada a psicofarmacologia. Instrui-se o paciente sobre o quadro que ele apresenta. Acredita-se que ao suprir alterações quimicas, acompanhadas de conhecimento da patologia por parte do paciente, como numa verdadeira relação paciente e coach, o resultado será muito bom.

Voltarei a falar sobre isso, mas quero ainda comentar dois erros muito comuns nos diagnosticos destes transtornos. O primeiro é sobre a bipolaridade. Há exagero em considerar alterações comuns de humor, muito incidentes e sempre existentes como bipolaridade, O Transtorno do Humor Bipolar é doença não tão comum, grave e incapacitante com alterações muito grandes entre euforia - perda do juízo critico pela aceleração do pensamento e grande exposição social - e depressão, - grande tristeza, desvalia, culpa, idéias de suicídio e outros sintomas graves e incapacitantes. Portanto nada a ver com petis ou chiliques que são diagnosticados como bipolaridade. Outra questão é fazer diagnostico de depressão ou transtorno bipolar pela ausência de litio no sangue, cabelo e outras maluquices. O Carbonato de litio é um medicamento utilizado para a prevenção de crises de oscilação de humor, um modulador do humor, e inexiste no liquido extracelular. Então qualquer resultado sempre será zero quando a pessoa não estiver sobre terapêutica de litio. E olha que muitos medicos, especialistas ou não, tem este falso conhecimento e o aplicam aos pacientes que certamente acreditam e posteriormente ficam confusos e intoxicados.

Como escrevi anteriormente, o ser humano é muito importante e sensível para não ser tratado com o mais atual e menos ignorante.

carlos gomes ritter

domingo, 8 de março de 2009

MULHERES, AH! ESTAS MULHERES

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MULHER

Não gosto da idéia de cotas para minorias. Este resgate histórico de prejuízos a determinada camada social acaba sempre por ser discriminatória. Dia da consciência negra. Dia da mulher. Dia da consciência gay e assim por diante. Tendo-se que chamar atenção sobre isso ainda não corrigimos a raiz, o embrião do problema. De que adianta ter um dia para o negro se a maioria da população fica enraivecida se abrimos um percentual de vagas no ensino superior? Não estaríamos criando mais discriminação ainda? Não podemos esquecer que após a entrada na universidade, temos ainda o curso pela frente, os estudos avançados e por fim o tão temido mercado de trabalho.

Assim como o negro, a mulher sem dúvida foi muito discriminada. Ainda recebe menos que o homem, tem sua jornada de trabalho acrescida da maternidade e outros compromissos e é alvo constante de termos pejorativos, como loira burra, é mulher na direção por isso o transito confuso e assim por diante. Não questiono a lei Maria da Penha, marco de um golpe importante no machismo reinante e absolutamente necessário, pois a cultura, o abastamento financeiro infelizmente é ainda para poucas.

Mas a mulher não precisaria de um dia para comemorar sua feminilidade. Ela não carece de tal impulso. A mulher se basta, se domina, não precisa do homem ou de ninguém. Aliás, as conquistas das mulheres a galgaram a plano superior. Ela invadiu o mercado de trabalho com eficiência e persistência. Ela perfilou-se a policiais e militares com a mesma capacidade física e mental que os homens, mas com o tempero da sensibilidade e respeito. Ela invadiu áreas masculinas, como advocacia, medicina e engenharia sem deixar a desejar, pelo contrário, acrescentando coisas desconhecidas dos homens.

E a beleza. E o flutuar de seu caminhar. A sagacidade de suas idéias sempre equilibradas com a emoção. Seu olhar... puxa, para que dia da mulher?

O homem, com esta evolução da mulher, ficou órfão. Ainda por cima ele tem vergonha de ganhar menos que a mulher ou de ter posição hierarquicamente inferior no trabalho. Inclusive criaram-se novas definições para o homem: metrossexual é uma delas.

Para que? Porque não criamos outras definições para as mulheres? Supergente seria uma delas, pois trabalhar, cuidar de filhos, da casa, vida social, só sendo uma super qualquer coisa. Além de ter que ficar muito sexy para seu homem, disposta e criativa.

Então, se precisamos de datas para homenagear, sugiro o dia do homem, ele hoje precisa mais de flores do que as mulheres.

A mulher é obra completa. Mas... mesmo com tudo que escrevi, parabéns as mulheres.

Carlos Ritter

sexta-feira, 6 de março de 2009

JULIA E MIMA








Julia tem quatro anos. Está sozinha em seu quarto de brinquedos. Os pais estão na sala, ele lendo jornal e ela vendo televisão. Esta é a família Lemos. De canto de olho Amanda, a mãe cuida de Julia. Consegue vê-la, pois não há porta no quarto da fantasia, nome dado por Fred ao quarto de brinquedos. A visão é ampla, segura e permite a menina brincar a vontade sem o zelo neurótico dos pais. Julia é uma criança tranqüila, dorme toda à noite e se alimenta muito bem, gostando de tudo o que é colocado no seu pratinho colorido. Não é gordinha, pois tem um alarme interno que a avisa quando não tem mais fome. Já são oito horas e Amanda sabe que daqui a meia hora, Julia coçará os olhos azuis e pedirá colo, uma historinha e caminha. É sempre assim. Nove horas ela e Fred podem usar o tempo como quiserem, com ou sem emoção como dizem os bugueiros de Natal. Comenta uma ou duas coisas com Fred, riem, fazem alguns planos, falam sobre Julia e lá vem a menina, coçando os olhos azuis. Colo, historinha contada pelos pais. Hoje a história de porque o mar é salgado, aquela do moinho de desejos... E braços de Morfeu. Mais um dia termina, sem atropelos, com os Lemos felizes.

Um pouco antes. Mais ou menos oito horas.
Julia olha para Mima e pergunta se ela gosta de chá. Mima responde que sim, aquele bem docinho, de cor de morango. Julia serve e toma o chá quentinho. Pergunta porque Mima não toma o seu chá e ela responde que vai tomar mais tarde.
Julia pede para Mima cuidar da Helena, que fizera xixi. Mima diz que já vai trocar.
Julia pensa que é muito feliz. Tivera muita sorte em conhecer Mima. Ela era muito querida, bonita e gostava muito de brincar de tudo o que Julia quisesse. Mima era bem diferente da Vitória, sua amiga da escolinha, que só queria brincar daquilo que ela não queria e vivia roubando os seus brinquedos. Já levara dois tapas de Vitória. Mima nunca lhe batera, ao contrário, só dava beijos e afagos gostosos.
Agora estava com sono e pediu para Mima ir indo para o quarto que ela ia pedir para o pai levá-la para cama. Ela poderia ouvir a história que eles contariam.
Julia escovou os dentinhos, Mima já havia escovado os seus com a escova de palhaço e pasta de morango, uma delícia chata como Mima dizia.
A mãe lhe colocou na cama, ao lado de Mima que já estava aguardando ansiosa a história da noite. Dois beijos seguiram a história, e a meia luz Julia e Mima dormiram o sono dos inocentes.

Carlos Gomes Ritter

A ESCADA

Temos a toda hora que subir escadas.
Escadas de pedra, de terra, cavadas ou artesanalmente construídas com madeiras.
Escadas que levam a sótãos, misteriosos e poerentos.
Escadas que conduzem a perfeição e magnificas paisagens.

Temos a toda hora que descer escadas.
Escadas de pedra, de terra, cavadas ou artesanalmente construídas com madeiras.
Escadas que levam a porões, escuros e úmidos.
Escadas que conduzem a masmorras e pardas visões.

Todas escadas conduzem para algum lugar.
Isto é bom que se saiba e é mister que se esteja preparado.

Para isso servem escadas.

Carlos Ritter
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CULPA E PODER



CULPA E PODER
Um dos grandes males da civilização é a culpa. Culpa no sentido de ter feito o que não se devia fazer. Um pensamento que é seguido de dor no peito, aperto na garganta e falta de ar. Por um pecado que não cometemos já nascemos com culpa, assunto só resolvido com o batismo na igreja católica. Como ser sereno se nascemos pecador? Nem todos entendem o simbolismo teológico desta argumentação. Ou alguém entende?
Quando crescemos persistimos em ter que perdoar, em amar incondicionalmente, oferecer a outra face após a agressão e amar pai e mãe mesmo que não os conheçamos. Até que ponto a infelicidade reinante não tem a ver com a culpa? Culpa que incapacita e limita nos tornando sempre devedores. E a ausência de culpa? Porque políticos, pessoal da segurança publica, magistrados e outras autoridades são tão sensíveis a corrupção e a desvios de conduta? Porque perderam o medo da punição e voam incólumes no território que os tem culpa nem se movimentam?
Terreno árido e espinhoso este entre a culpa e a impunidade. Mas este é o espaço que tem que ser ocupado. O hiato entre o sentir-me sempre em dívida e o ter crédito ilimitado. O que ocupa o tétrico espaço da culpa não consegue pensar, pois o pensamento ocupa-se de retaliação e perdas. Aquele que vive no terreno da ausência de culpa pensa apenas em ganhos e vaidades, não tendo espaço mental para pensar no outro.
Pobre ser humano. Um, o abusado, quer sempre exorcizar culpas e submete-se ao poderoso. O outro, o poderoso, quer sempre obter vantagens e submete o que reza pela redenção dos pecados. Feita a mistura, temos um bolo: o bolo da insatisfação. Tanto o que tem culpa quanto aquele que carece dela estão insatisfeitos. Um pela necessidade de açoite. Outro por precisar açoitar. Sadismo e masoquismo. Pecador e corregedor. Ambos infelizes.
Pessimista? Sem dúvida, pessimista. O ser humano depende de mudanças para ser feliz, porém mudar o desaloja e lhe tira o rumo. Persiste em manter seu status quo: pode piorar, então é melhor manter o que tenho, mesmo não sendo o que quero. Se depender do homem a tendência é piorar, pois o egoísmo é o véu da insegurança, da consciência de não ser bom. Ser bom, aliás, é sinônimo de ser bobo e passível de ser ludibriado. Somos muito vaidosos e por isso vulneráveis. Se tivermos razão, passamos a valer mais e temos ofertas para perdermos a razão e retornar a imobilidade.
Então concluo questionando: será que só existem dois lados, o da submissão e o da razão? Será que a abstração das idéias não permite novos paradigmas que não sejam o do exercício do poder? Será democracia isso que vivemos, ou uma nova tragédia grega onde usamos personas (mascaras) cientes de que a liberdade vai terminar logo que as cortinas fecharem?
Pobre homem.
Carlos Ritter